BHQ+ Comenta: Watchmen



O primeiro trailer de "Watchmen" finalmente foi liberado esta semana. A reação geral foi conturbada, como já se esperava. Muitos amaram, muitos odiaram. Agora que "Batman - O Cavaleiro das Trevas" é uma realidade no cinema, as discussões novamente se voltam para a "adaptação do inadaptável", segundo o próprio criador Alan Moore. E já escaldado pela indústria do cinema, depois que detestou o resultado de duas de suas obras "V de Vingança" e "A Liga Extraordinária", Alan Moore continua pedindo para que o esqueçam.
A obra prima de Moore, pelo menos diante do senso comum, é a mais premiada das graphic novels. Lançada no contexto de "Maus", de Art Spielgman e "O Cavaleiro das Trevas" de Frank Miller, "Watchmen" faturou vários prêmios Kirby e Eisner e é a única HQ a receber o Prêmio Hugo, dedicado à literatura. Também é a única série gráfica a figurar na lista dos 100 melhores romances da revista Times. A primeira tentativa de adaptar "Watchmen" foi feita logo após o lançamento da obra, publicada em 1986. O próprio Moore foi quem conseguiu barrar o projeto, então desejado por Terry Gilliam (Meninos do Brasil): "Eu disse a Terry Gilliam, que tentou fazer o filme de Watchmen nos anos 80, que ele era impossível de adaptar pois tem coisas que só funcionam nos quadrinhos. No fim, acho que ele veio a concordar comigo."
Várias foram as tentativas de levar "Watchmen" ao cinema. A mais medonha aconteceu em 2005, quando David Hayter (X-Men) apresentou um roteiro para a produtora Greengrass, então detentora dos direitos. A história previa uma guerra contra o terrorismo em dias atuais e estava em análise pela Paramout Pictures. Os direitos expiraram e a Warner Bros. comprou-os, de olho no roteiro de Hayter. Zack Snyder, ao ter conhecimento do teor da trama, procurou os diretores da Warner com a proposta de abandonar a idéia da Greengrass e partir para uma adaptação literal. "Eles iam fazer um filme de qualquer jeito e aquilo me deixava nervoso", disse Snyder em entrevista recente para a EW. Muita discussão se sucedeu com os executivos da WB, até que "300", um filme para maiores de 17 anos, mostrou-se um sucesso de bilheteria, seguindo a fórmula de adaptação literal. Bastou para que Snyder ganhasse a direção de "Watchmen" e ele prometeu ser fiel aos quadrinhos, o que já se mostrou atendido quando as primeiras imagens da produção vieram à tona. Agora, após o vídeo promocional, a comparação foi inevitável. O site Ropeofsilicon fez o favor de conferir e apresenta as seguintes imagens:


O Comediante na Guerra


A cena da janela


O funeral de um herói


Jon Osterman morre


Dr. Manhattan surge


Dr. Manhattan em guerra


O palácio de cristal em Marte


A nave do Coruja


Rorschach, o incendiário


Conclamação

O que esperar de "Watchmen" então? Zack Snyder diz: "Em meu filme, Superman não se importa com a humanidade, Batman já não agüênta mais e os bandidos é que querem a paz mundial." De forma afetada, ele provoca: "Watchmen vai ser o fim dos filmes de super-heróis? Provavelmente não. Mas com certeza vai chutá-los bem na boca do estômago."

O mundo concebido em 1986, mostra os acontecimentos de um ano antes, numa realidade paralela em que os super-heróis realmente existem. Richard Nixon se beneficiou com a Guerra Fria e está no sexto mandado consecutivo. A tensão é tão grande, que as pessoas simplesmente percebem que os heróis não dão conta do recado e eles se tornam desnecessários. "Superman fez tudo que podia; os X-Men e o Quarteto Fantástico enfrentaram cada vilão possível num cenário de fim de mundo. E então, os Watchmen aparecem e levam a briga para um nível superior, quebrando todas as regras no percurso", comenta Snyder.

Cuidado com as comparações

A primeira grande briga entre Zack Snyder e os fãs de "Watchmen" veio com a revelação da visão do diretor sobre como deveria ser a retratação dos heróis num mundo real, situado em meados da década de 1980. Os mamilos de Ozymandias causaram furor instantâneo. Ora, é preciso avaliar o seguinte: "Watchmen" se passa em 1985 e Zack Snyder quis capturar essa evolução. Se Batman e Superman existem nesse mundo, seus uniformes claramente seguirão o verossímil da época e o que temos mais próximo dessa visão é o que propuseram Tim Burton e Joel Schumacher. Quando estiverem nas telas, os Watchmen vão ser ainda mais atacados com comparações. Já não dizem por aí que o Coruja é um genérico de Batman Begins? Pois o mesmo foi dito em 1986 e 1987, anos que que os 12 números da HQ estiveram nas bancas. Devemos entender como surgem os personagens, antes de criticá-los.
A DC Comics havia obtido os direitos de vários personagens da extinta Charlton Comics e queria reavivá-los. Os colocou nas mãos de Alan Moore, para que ele escrevesse uma minissérie com os mesmos. Moore entendeu que o que propunha criaria um enorme problema de continuidade para os heróis da DC Comics e resolveu criar novos personagens usando referências dos que já existiam e sugeriu que os heróis da Charlton fosse inseridos aos poucos nas histórias da Liga da Justiça. Deles, viriam os Watchmen:

- O Comediante (Edward Blake, The Comedian), foi adaptado do Pacificador e com elementos buscados em Nick Fury, da Marvel Comics.
- Doutor Manhattan (Jon Osterman), surge do Capitão Átomo.
- O Coruja I (Hollis Mason, Niteowl), busca elementos do Besouro Azul (Dan Garret).
- O Coruja II (Dan Dreiberg), é uma mistura do Besouro Azul (Ted Kord) com o Batman.
- Ozymandias (Adrian Veidt), é adaptado do Thunderbolt.
- Rorschach (Walter Kovacs), é uma paródia do Questão.
- Espectral I e II (Sally Juspeczyk e Laurie Juspeczyk, Silk Spectre), foram criadas a partir da Sombra da Noite e com características de outra personagem da DC Comics, Lady Fantasma.

Da mesma forma que fez Moore, Snyder usa elementos atuais em suas concepções. Claramente vemos os atuais X-men, Justiceiro e Surfista Prateado refletidos na Espectral, no Comediante e no Dr. Manhattan. Será que abusando do atual momento dos super-heróis, o longa vai repetir os feitos da HQ? Em 6 de março de 2009 saberemos.

4 comentários:

    On segunda-feira, julho 21, 2008 Anônimo disse...

    Excelente a abordagem, Régis!

    Muito bom.. parabens pelo post!!

    On quarta-feira, julho 23, 2008 Anônimo disse...

    "Superman não se importa com a humanidade, Batman já não agüênta mais e os bandidos é que querem a paz mundial."

    No original em INglês, na verdade o que Snyder diz é "... Batman não consegue ter uma ereção" ("Batman can't get it up"), fazendo referência aos problemas sexuais do Coruja.

    On segunda-feira, agosto 18, 2008 Anônimo disse...

    Isso, isso! ESQUEÇAM Alan Moore!! E esqueçam todas as HQs, e todos os livros tb!!
    Gostaria de vê-los sobreviver sem isso. 90% de toda produção cinematográfica (principalmente de hollywood) iria parar.
    ps: pelo q pude perceber, esse Zack Snyder é um grande simplório, pra ñ dizer um grande bobão.

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