Hulk Esmaga Mesmo?



Atenção: Possíveis Spoilers!

Loius Leterrier prometeu e entregou o que se esperava: Um Hulk melhor que o de Ang Lee. Perfeito? Não. Não é isso que esperávamos. Mas sem dúvida alguma temos um produto próximo do que se imagina de um Hulk que salta dos quadrinhos e cai no mundo do cinema. Leterrier faz mais do que fidelizar com os quadrinhos e fideliza também com a mais famosa referência do Verdão: o seriado setentista. Além de construir o filme a partir dos elementos lançados pela série "O Incrível Hulk", que cede o nome ao longa, os personagens são bem elaborados conforme suas características quadrinísticas. Vale citar que se destacam as homenagens a Bill Bixby, que aparece na tela de uma TV, num antigo programa; a Lou Ferrigno o primeiro Hulk "de verdade", que volta ao papel de segurança do primeiro filme; e ainda a famosa busca pela cura que dá a Bruce Banner o pseudônimo de David B., o nome do personagem no tal seriado.


O diretor consegue introduzir bem os vilões Líder e Abominável. Aliás, como o próprio Leterrier disse, o Capitão América aparece. Bom, não o capitão em pessoa, mas sua história e seu legado. São os efeitos colaterais do soro do supersoldado, misturados a um subproduto do sangue de Bruce Banner, que criam o Abominável. Uma ligação bem concebida para falar do Bandeiroso sem sequer citá-lo. Essa possívelmente será a chamada para reunir os Vingadores, mas trataremos disso em outra ocasião.


Por ora, destacamos os pontos fortes de "O Incrível Hulk". As seqüências de luta e ação são bem montadas. Bruce Banner pratica o parkour na favela da Rocinha, que até ficou bonita nas lentes de Leterrier. O confronto Hulk versus Abominável é crível e em certos momentos é possível imaginar as dores dos golpes. O Gigante Esmeralda não está caladão e é bom ouvir o "Hulk esmaga!" na voz de Ferrigno, obviamente alterada por samplers e computadores. O Abominável também solta a voz, diferentemente de outras produções em que as versões monstro dos personagens são simplesmente animais irracionais que desaprendem a falar. Dá pra sentir Emil Blonsky e Banner dentro de suas carapaças avassaladoras. O aspecto herói de Hulk começa a ser construído o que pode fazer o Monstro Gama ser aceito pelo público alheio às HQ´s. Edward Norton se encaixa bem no cientista solitário e isso talvez venha de sua participação ativa na construção do roteiro e da peça final em si.


As falhas surgem no português mal falado dos pontas contratados para as cenas do Rio de Janeiro, cuja participação acabou dublada, algo a ser notado apenas pelos brasileiros. A computação é melhor que a do primeiro filme, mas está longe da perfeição. Porém, abrir feridas de guerra em Hulk é um recurso que humaniza a criatura e torna a aceitação mais fácil. Apesar de ser comum trazer elementos diversos de outras obras para um novo projeto, nos parece exagerado o uso de King Kong como referência de comportamento para o anti-herói. O Verdão age como um "macacão", muitas vezes, se pendurando por prédios e pontes, saltando como uma Chita desproporcional e até levando Betty Ross para o alto de uma montanha rochosa. Por outro lado, o Abominável, um reptiliano nas histórias gráficas, é apresentado como um Godzila e também sem tentar disfarçar tal comparação. Na sua primeira aparição, até os movimentos de câmera tentando flagrar a ameaça pelas ruas são usados como no filme do destruidor japonês.


Ainda há um longo caminho para Hulk, mas já podemos dizer que a franquia consegue fôlego para mais uns dois filmes pelo menos. O ceticismo causado pela recepção negativa da película de Ang Lee pode ser reduzido com o boca-a-boca de quem arriscar ir ao cinema. Embora seja um arrasa-quarteirão literal, "O Incrível Hulk" ainda não deve se mostrar como um arrasa-bilheterias.

Nota do Crítico: Q Q Q Q Q
Nota do Fã: + + + + +

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