A mangalização

A "mangalização" mostra-se um fenômeno Ocidental - não ouso dizer Universal, mesmo porque não sei se os indianos, libaneses, ou os curdos têm aderido à estética dos olhos colossais e das mega-explosões - que tem arrastado até mesmo seus maiores concorrentes neste mercado de animação e histórias em quadrinhos: as poderosas comics.

Vale recapitular momentos recentes desta frenética revolução: (na qual quem não se atualiza - ou seja, que não "puxa os olhinhos", perde a vez.)

- Mangalizaram os "Irmãos Grimm";
- Mangalizaram Witchblade;
- Mangalizaram os Jovens Titãs;
- Mangalizaram Lilo & Stitch (e Stitch já era um "Pokémon"!);
- Mangalizaram os X-Men;
- Mangalizaram até o Batman!

Ora, se é possível recriar os contos de Grimm no estilo mangá, porque o mesmo não poderia ser feito com as criaturas do grande popularizador do folclore brasileiro? No dia 18 de abril foi realizada na cidade de Osasco uma exposição de desenhos mangá inspirados nas criações de Monteiro Lobato. Personagens do "Sítio do Pica-Pau Amarelo" foram "mangalizados" e enfeitaram a bibilioteca da cidade.

Com um recente porém extenso histórico de criações adaptando-se ao estilo de traços limpos e expressões exageradas, nem mesmo aquilo que já parecia "mangalizado" escapou desta tendência.

Outra criação brasileira que está sofreu o processo de "mangalização" é "A Turma da Mônica". Na maioria dos casos o que fazem é criar um universo jovem para os heróis adultos que se adequam ao mangá (Teen Titans tornaram-se Tiny Titans). Quando decidiram fazer isso com os filhotes do Maurício de Souza andam no sentido contrário. No caso da Turma da Mônica, tornar a galerinha "jovem" só significa envelhecê-los e ambientar as aventuras da Dentuça em um contexto de adolescentes.

A idéia de uma revista da Turma da Mônica desenhada no estilo mangá foi apresentada a público a partir de uma votação para escolha do título da revista. Segundo Maurício de Souza, o contrato com a Panini para criar o mangá da Menina do Coelhinho visa o crescente mercado nacional e internacional de para esse tipo de obra gráfica. Além disso, o foco também recai sobre os leitores adultos dos mangás. E Maurício de Souza ainda promete a versão "japa" da Revista da Tina e de fábulas e contos adaptados pelo autor. Onde essa onda vai parar?

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