Crítica: Hellboy 2 - O Exército de Ouro



O bom trabalho feito por Guillermo del Toro (O Labirinto do Fauno, A Espinha do Diabo) no primeiro filme continua em "Hellboy 2 - O Exército Dourado". De início, basta dizer isso para dar a certeza de que uma boa dose de diversão está garantida. Mas não espere um "Batman - O Cavaleiro das Trevas" para o Vermelhão.

A continuação é proposta como um conto de fadas baseado numa premissa de que as histórias de ninar foram baseadas em fatos reais. Com fadas, duendes, elfos, trolls e tudo o mais que você viu em "O Senhor dos Anéis", uma convivência tênue entre mundos foi construída. Nessa proposta, o início do filme mostra o garotinho Hellboy ouvindo a história da guerra entre humanos e seres fantásticos que vai reencontrá-lo adiante. É exatamente o que foi mostrado na HQ que antecedeu o longa. A idéia é boa, mas tira do filme o dinamismo que é essencial para o início de uma história de herói.

Ao longo da trama, a dinâmica volta a ser afetada com duas ou três tentativas de mostrar como é o ambiente dentro da agência do paranormal, enquanto os personagens estão entre missões. Del Toro e Mike Mingnola quiseram falar mais da relação amorosa de Hellboy (Ron Perlman) e Liz Sherman (Selma Blair) mas as brigas do casal não convencem nem criam o humor esperado. Aliás, as tentativas de fazer rir quase sempre caem no clichê, mas felizmente temos Perlman como protagonista. É justamente o jeitão do ator que consegue arrancar alguns risos, especialmente pelas "tiradas" das quais ele faz uso e que dão um toque especial para Big Red.

Já que romance sempre faz parte de um conto de fadas, Abe Sapien (Doug Jones) ganha seu interesse amoroso com a figura da Princesa Nuala (Anna Walton). É um elemento importante para humanizar o "peixão", mas a atração dos dois não parece natural. Nem os desdobramentos dela são. A construção da cena em que Abe entrega uma peça importante para o inimigo Nuada, (Luke Goss) apenas para evitar a morte da amada, não faz sentido. Especialmente porque já estava claro que o Príncipe não mataria a irmã, uma vez que isso significaria a própria morte. O novo personagem, o ectoplasmático Johann Krauss, se insere bem na equipe e a idéia de mostrá-lo como um chefe chato contribui para criar um paralelo com o diretor da agência Trevor Broom (John Hurt), mas apesar de Krauss contribuir bem para a investigação, Broom não se sustenta como alívio cômico.

O roteiro peca também no momento que deveria ser o ápice da história: o enfrentamento ao Exército Dourado. Durante todo o desenvolvimento espera-se um embate colossal, no entanto ele é reduzido em seu potencial. É claro que numa guerra é muito melhor evitar a ameaça do que tentar saná-la, mas para a trama seria interessante ver os soldados de ouro invadirem cidades, destruírem tanques e aviões antes de serem finalmente derrotados. Isso até contribuiria para amarrar uma ponta aberta deixada pela angústia de Big Red em não ser aceito pelos humanos que ele quer proteger. Se as pessoas nas ruas o vissem novamente enfrentando Nuada e salvando o dia em definitivo, um forte elemento estaria lançado para relembrar o dilema de Hellboy ter nas mãos a chave para o fim do mundo.

Mas os pontos positivos são realmente impecáveis. As cenas de ação são bem conduzidas e coreografadas, a construção dos ambientes é muito bem elaborada, o trabalho de animatrônica é imperceptível e as maquiagens e próteses estão perfeitas. A computação está focada no necessário e passa sem saltar aos olhos. A fotografia é eficaz e consegue aliar as sombras de lugares obscuros com a necessidade de que tudo seja visto pelo espectador. A trilha sonora de Danny Elfman é boa, embora não chegue perto de trabalhos anteriores como os de "Hulk" ou de "Homem-Aranha". O conjunto sonoro ficou muito leve, ideal para um conto infantil mas ruim para promover tensão nos confrontos. Uma pitada do que foi usado no trailer (como trechos de Rammstein) seria bem vindo.

No geral, "Hellboy 2" agrada principalmente pelo fato de que o criador do personagem, Mike Mingnola, teve participação ativa na argumentação o que aproxima o Vermelhão de suas origens. Não resta dúvida que o resultado nos convence de que vale a pena ver um terceiro Hellboy.

Nota do Crítico: Q Q Q Q Q

Nota do Fã: + + + + +

1 comentários:

    On terça-feira, janeiro 20, 2009 Anônimo disse...

    Cara,

    Adorei o seu comentário. Gostei também da sua sugestão para o enredo. Assisti HellBoy2 e achei fraca a cena de confronto com os tal exercito dourado. Fizeram tanto suspense para nada.

    E deveriam dar destaque maior para o suicidio da princesa que acaba tb por matar o irmao gemeo.

    até.

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