A "Jokerização"

O Coringa sabe como apavorar as pessoas. Em muitas de suas passagens pelos quadrinhos ele se mostrou um exímio terrorista. Uma das maiores artimanhas do palhaço do crime era a de deixar a sua marca nas vítimas – o sorriso perpétuo.
Ledger "duas-caras" em processo de "jokerização" pelo artista Dan Lacey
Com Nolan, não podia ser diferente. Inspirado no personagem principal de o “Homem que Ri”, o sádico vilão das aventuras do Batman sempre teve imenso prazer em infligir nos inocentes os mesmos danos expostos em sua face acidentalmente deformada. Talvez além de classicamente sádico, o Coringa de Nolan apresente, também, uma personalidade masoquista, capaz de ter mutilado a própria face para aparentar ainda mais atemorizante. Seria a auto-jokerização?
Se a pena do “sorriso perpétuo” outrora impunha-se por meio de gases e outras substâncias tóxicas, como visto no Batman de 1989, agora, por intermédio das mentes de Heath Ledger, Chirstopher e Jonathan Nolan, e David Goyer, faz-se rir através de uma insólita “jokerização”.

O Coringa criado por Ledger transforma as pessoas em rascunhos de si mesmas – e dele próprio. Sua afiada faca cria bizarras caricaturas do palhaço e suas chamas prometem forjar o segundo maior vilão já adaptado dos quadrinhos para o cinema: O Duas-Caras.

A “jokerização” por si só não é uma inovação de Christopher Nolan, mas a maneira como ela tem sido levada a cabo é fruto do grande trunfo de Heath Ledger, que assumiu ter utilizado o estilo e os trejeitos do ícone punk Sid Vicious para compor o seu Coringa. Por sua vez o “classudo” Jack Nicholson optou por eternizar o arquiinimigo de Batman (ao menos até o próximo 18 de julho) como um “tipão” mafioso. Vale lembrar que Ledger teve o esmero de estudar as qualidades vocais do “chefão” Marlon Brando para criar as flutuações da voz de seu perturbado personagem.
E o que são essas manifestações do Coringa vistas em virais “jokerizados”, num defunto toscamente vestido como o Homem-Morcego e com a face borrada com pintura branca e vermelha? Seria conseqüência direta da inspiração anarquista que o falecido ator australiano sintetizou para criar a sua maior obra?


Queremos fazer referência às capas de CD´s dos Sex Pistols, grupo liderado pelo punkstar Sid Vicious. Nelas, sempre estava estampado um conjunto de montagens que pode ser considerado o precussor desta bem-sucedida “jokerização”. A mais celebre das montagens, capa do segundo single da banda, “God Save the Queen”, exibe exatamente o rosto da rainha inglesa Elizabeth II, com olhos e boca “recortados” e sobre eles duas “colagens” que formam o nome da canção e nome do grupo.


O palhaço incendiário de Nolan é o caos personificado. Ele não quer matar ninguém, isso seria fácil demais. O que ele quer é usurpar a ordem e invertê-la. Nessa intenção, o Coringa pretende transformar heróis em vilões e parte para denegrir a imagem dos heróis de Gotham: Batman e Harvey Dent.
O que se esperar de um mundo onde os ícones são desmistificados, onde um é transformado em vilão e o outro perde a crença na imparcialidade de suas ações? Não importa se seja este o mundo real, onde Sid Vicious “jokerizou” a reprodução do busto da realeza britânica, ou o mundo da ficção, onde a criação de Heath Ledger “jokerizou” a imagem, a pele, os ossos e o espírito do segundo maior defensor de Gotham City, quando se trata dos resultados de um caos completo, só o Coringa tem a resposta.






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A atual fase do Cruzado Embuçado no cinema é inspirada nas clássicas HQ´s "Batman O Cavaleiro das Trevas" e "A Piada Mortal". A terceira parte tem como ponto de partida "Batman - O Longo Dia das Bruxas". Leia o quanto antes.

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