Crítica: G.I. Joe - A Origem de Cobra

“G.I. Joe – A Origem de Cobra” chega como uma feliz surpresa dentre os filmes de verão norte-americano da temporada 2009. Se muita gente chegou a cogitá-lo como “a bomba da estação” é hora de rever a análise. O diretor Stephen Sommers (Airborn, Van Helsing, O Retorno da Múmia, A Múmia) se saiu bem na tarefa de conduzir a adaptação de um sucesso de vendas dentre os brinquedos da Hasbro. Demorou muito para a transição dos “Comandos em Ação” deixar os quadrinhos e a TV e chegar aos cinemas, mas a espera é compensadora para os fãs da franquia.
É claro que a produção de Lorenzo di Bonaventura (Transformers: A Vingança dos Derrotados, Transformers) conta pontos nessa tarefa, especialmente pelo esforço em manter o militarismo presente no filme, inclusive com a contratação de consultores das Forças Armadas. Isso deu um tom adequado aos diálogos entre soldados e oficiais, criando um realismo nas falas dos atores. Pena que a atuação não se beneficiou disso. Embora não errem quando o assunto é partir para a ação, o elenco não convence ao tentar transmitir emoções ao público. As principais falhas estão justamente em quem é foco da história, como a Baronesa (Sienna Miller) e Duke (Channing Tatum) que não chegam a parecer um par romântico de longa data, como se sugere. Bom é ver que o alívio cômico de Ripcord (Marlon Wayans) não afetou o resultado geral de forma negativa. Os vilões Destro (Christopher Eccleston), Zartan (Arnold Voslo) e Doutor/Rex (Joseph Gordon-Levitt) são as caricaturas esperadas, sem desagradar. Sorte mesmo teve Ray Park que não precisou dar uma palavra sequer ao assumir o papel de Snake Eyes, um ninja em voto de silêncio e mascarado. O conjunto dos personagens compõe bem o clima do mundo dos Joes e a ponta de Brendan Fraser como um sargento do treinamento agrada. Ninguém vai ganhar um Oscar de atuação, mas a média satisfaz o público alvo.
A fantasia presente em todas as mídias de “G.I. Joe” está largamente ambientada no filme. O trabalho de colocar invenções de um futuro próximo em situações realistas coube ao desenhista de produção Ed Verreaux (A Hora do Rush 3, X-Men 3 – O Confronto Final, Jurassick Park 3) que se sai bem. Também os roteiristas Michael B. Gordon (300), David Elliot (Quatro Irmãos), Paul Lovett (Quatro Irmãos) e Stuart Beattie (Austrália e trilogia Piratas do Caribe) souberam criar uma história simples, mas com pequenas sub-tramas para compor o recheio. Stephen Sommers lança mão da estratégia dos flashbacks para mostrar a origem dos personagens centrais e não se perde na armadilha. Sabemos como começa a ira de Destro e como ele ganha seu rosto metálico; vemos o passado e a ascensão do Comandante Cobra; conhecemos a relação entre Baronesa e Duke e como interagem os irmãos ninja Snake Eyes e Storm Shadow. Faltou foi dar sustentação ao visual deste primeiro e ficamos com a sensação de que aquela pele negra emborrachada e a balaclava de Snake Eyes talvez sejam só mais um uniforme, ao invés de um artifício para esconder as deformações que ele possui, advindas de um acidente de helicóptero. Também seria interessante explicar por que o General Hawk (Dennis Quaid) não foi morto durante uma oportunidade imperdível dos vilões. Bastaria dizer que ele precisava estar vivo para o escaneamento de retina pretendido na cena em questão.
Os efeitos especiais de Daniel Sudick (Homem de Ferro, Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal) mantém a diversão e tomam conta de todos os cenários. A Digital Domain merece parabéns pelo trabalho de computação gráfica apesar de pequenas falhas no velho dilema do CGI: criar seres humanos fidedignos numa animação computacional. Fica nítido o erro em pequenas cenas com a Baronesa e Storm Shadow, na caverna Joe; e nas ruas de Paris. Aliás, é aqui que falha o realismo do longa. A sequência em que Duke e Ripcord tentam impedir o ataque à Torre Eiffel é exagerada demais e destoa de todo o resto. Outra falha neste ponto é o sumiço inexplicável de Snake Eyes, por alguns instantes. A montagem segue o básico e entrega um filme com o tamanho certo, cerca de 2 horas, o que evita o pior erro de “Transformers: A Vingança dos Derrotados”, outra produção de di Bonaventura. Até um trecho e “Falcão Negro em Perigo”, de Ridley Scott, veio a ser usada. O motivo, se para cobrir um buraco da segunda unidade ou economizar uns trocados, não se sabe.
G.I. Joe - A Origem de Cobra” tem os elementos necessários para se estabelecer e garantir continuações. Só ficamos chateados pelo fato de não se usar mais o título “Comandos em Ação”. Isso agora é apenas outro saudosismo dos tempos de infância.

Nota do Crítico: Q Q Q Q Q

Nota do Fã: + + + + +



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