Todos Querem Ser Heróis.

Caveira branca, assustadora, em fundo preto. Está próximo o dia-das-bruxas. Mas pergunte a uma criança o que esse símbolo perturbador lhe lembra e dificilmente ela dirá "piratas". Para o senso comum martelará a lembrança do BOPE. Para nós do BHQ+... não. Caveira branca em fundo preto pra gente é o sinal do Justiceiro.
Túnel do tempo
1974 - morre Frank Castle e nasce "O Justiceiro". Personagem criado por Gerry Conway, debutou na edição 129 revista mensal do Homem-Aranha (The Amazing Spider-Man), irmortalizando-se a partir do traço de Frank Miller. Além de matar criminosos sem dó, sua característica marcante é a caveira sorridente sobreposta à surrada camiseta preta. O Justiceiro nasceu para sobrepujar as lei no combate ao crime organizado.

1978 - a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) cria a sua tropa de elite, o BOPE. Esta tem sua autonomia administrativa: surgiu para assumir (adotando seus próprios métodos) operações de alto risco, destacando-se as investidas contra os narco-traficantes entocados nas favelas. O símbolo do grupo é um crânio, atravessado por uma faca, sobre duas pistolas em "X". Seus membros vestem preto - e atiram para matar.

Coronel Paulo Cesar Amendola de Souza - esta é a referência. É dele a idéia de um batalhão de homens vestidos de preto com a caveira no peito. (Um batalhão de Justiceiros.) Paulo Cesar quando capitão da PMERJ apresentou a seu comandante o projeto para a formação do BOPE.

A originalidade do protagonista de "Tropa de elite" está na quebra do paradigma da origem dos heróis clássicos. Não raro o heróismo de um personagem pop origina-se de um forte trauma. O Homem-Aranha não existiria se não se sentisse culpado pela morte do próprio tio. Batman testemunhou a morte de seus pais. Superman resolveu proteger a Terra por sentir-se órfão de um planeta inteiro. Isso é ainda mais marcante referindo-se aos anti-heróis. E com o Justiceiro não é diferente. O Justiceiro combate o crime para punir criminosos do tipo que mataram sua família.

Frank Castle era fuzileiro naval americano. Decidiu usar formas próprias de punição por sentir-se desacreditado da justiça convencional. O capitão Nascimentou saiu da polícia convencional por considerá-la corrupta. Não é apresentado (no filme "Tropa de elite") nenhum sofrimento físico ou psicológico que o levasse a optar pela linha dura. Ele não age por remorso. Quando decidiu trabalhar por vingança, sabia que era hora de abandonar o uniforme. É a realidade brasileira criando os seus heróis...

Temos um herói puro e verdadeiro. Ao menos na ficção.